terça-feira, 20 de julho de 2010

Luxúria e Subversões = Cultura

Desde que comecei a escrever neste blog eu ouço: como você tem um blog desse tipo? Ou: olha gente ela tem um blog pornô... Ou ainda: nossa, como você tem coragem de escrever estas coisas?
No fundo acho graça, acho mesmo. Acabo percebendo que o meu "eu" social destoa um pouquinho do meu "eu" íntimo...
Mas para os desavisados que acham que sou uma tarada de plantão e desocupada que passa o dia batendo siririca sem ter o que fazer, fiz uma seleção de boas obras literárias eróticas, de autores renomados e aos poucos vou postando trechos aqui pra vocês... E escutem a tia, sexo faz parte da vida e viver sua sexualidade de forma prazeirosa e responsável é uma das melhores coisas que você pode fazer por você mesmo, vai por mim, ao invés de ficar reprimindo você e aos outros, TENTE!

"Quando ele chegou, parou bem embaixo da arcada do salão, com aquele calção de saco de aniagem sem nada por baixo, vi logo que era uma ereção impetuosa, uma força irresistível forçando o pano quase no meio da coxa esquerda, e ele cruzou as mãos por cima, numa posição que agora eu talvez possa considerar engraçada, mas na hora não me pareceu. senti a cócega na barriga outra vez, mas ao mesmo tempo não gostei. não sei direito por que não gostei, mas na hora achei que foi porque fiquei pensando em como era que aquele negrinho, aquele projeto de negrão, aliás, sabia que tinha sido chamado para sacanagem. E se eu quisesse somente pegar passarinhos, mostrar a ele os livros e lhe ensinar algumas letras do alfabeto? Só me lembro disso, embora tenha certeza de que muito mais se passou atropeladamente por minha cabeça, e meu fôlego ficou acelerado. Então veio o estupro, um inegável estupro. Domingo, e o nome dele era Domingos. Rodei os olhos por aquelas paredes, apareceu na minha cabeça padre Vitorino na aula de catecismo, dizendo que domingo queria dizer o dia do Senhor, dominus vobiscum et cum spiritum tuum introibo ad altare Dei ite missa est, aqueles latins do outro mundo e pareceu que um redemoinho me pegou, meus olhos só viam em frente, meus ouvidos zumbiam, e eu falei, levantando a saia e baixando a calçola:
_ Chupe aqui."
(João Ubaldo Ribeiro, A Casa dos Budas Ditosos, 1999, p.28)

Um comentário:

Sou tua em corpo, alma e palavra. Leia-me, traduza-me e reescreva-me...sempre!